“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas.” (Hb 1:1)
Neste capítulo quero me ater ao que a Bíblia diz sobre si mesma. Poderíamos perder muito tempo discorrendo sobre a história da Bíblia e como ela chegou até nós, mas acredito que o que tem mais valor é o que ela diz a respeito de si própria do que o que alguém tem a dizer a respeito dela. Pois, os homens e suas teorias e argumentos passam, a Palavra de Deus subsiste para sempre. Espero que tomemos como ponto de partida que quem lê este texto acredite que a Bíblia já foi provada o suficiente para que possamos crer nela como palavra de Deus, tanto o Velho quanto o Novo Testamento. O senso comum costuma dizer que a Bíblia é fruto da criação humana ou que foi adulterada, porém notamos que os mesmos que dizem isso não podem provar que ela é autoria de alguém com alguma pretensão em deixar seu nome ou sua intenção gravada para as gerações. Os que dizem que a Bíblia foi deturpada não tem base para falar sobre isso de uma maneira sólida e não sabem por si mesmos que pontos foram supostamente deturpados. Outros ainda, notam pontos que, ao não entenderem, acreditam que é uma contradição dentro da Bíblia. Tudo fica muito na área do subjetivo e teórico, enquanto só quem coloca a palavra de Deus em ação em sua vida vê a diferença. Então, não querendo perder mais tempo com teorias e argumentos, a Bíblia fala por si mesma sobre como chegou até nós e sobre sua autenticidade.
O Velho Testamento chegou até nós com a iniciativa de Deus. Deus começou falando e relatou como todas as coisas aconteceram: a criação, os patriarcas, a Lei, os profetas, os Salmos e o Seu escolhido: o Messias. Deus não falou tudo de uma só vez, Ele falou muitas vezes e de muitas maneiras. As palavras de Deus foram inicialmente dirigidas aos antepassados, isto é, aos judeus. Para falar aos antepassados judeus, Deus falou pelos profetas. Notemos bem este ponto, baseados em Hebreus 1:1 que Deus falou as palavras do Velho Testamento aos judeus, um povo que ele escolheu por causa da fidelidade de Abrão.
Os profetas foram homens comuns. Muitos deles foram pastores de ovelhas, de gado, reis, subordinados de reis, conselheiros de reis e sacerdotes, homens ricos e homens pobres. A maioria deles não se conheceu, mas produziram uma obra divina inerrante. Mas os escritores eram homens, não eram? Sim, eles eram homens e eram homens comuns, isto é, sujeitos a todos os sentimentos e erros humanos. Sendo homens comuns, não é possível que tenham errado, inventado uma estória e dito que era da parte de Deus? Será que não exageraram em alguns relatos? Bem, com um olhar frio sobre as Escrituras, de fato, podemos admitir que esta é uma possibilidade. Porém com um olhar mais criterioso há evidências dentro e fora das páginas do Velho Testamento que confirmam os seus relatos, até mesmo os que pareçam mais absurdos. Em todo caso, Deus espera que acreditemos na Palavra não por causa de provas, mas pela fé.
“Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos.” (2 Coríntios 5:7)
Os profetas não agiram sozinhos. Veja o que o apóstolo Pedro diz sobre as Escrituras e os profetas:
“sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:20,21).
Analise estes versículos enquanto vai respondendo a estas perguntas:
1) Qual a primeira coisa que precisamos saber sobre as Escrituras?
2) Quem eram os profetas?
3) Como eles produziram a Palavra de Deus?
E as respostas nos conduzem para entender e confiar nas Escrituras do Velho Testamento. Os profetas eram homens comuns, mas Deus os tomou em suas mãos, e todo aquele que Deus toma em suas mãos Ele os santifica antes de os usar. Vemos também nestes dois versículos que nenhuma profecia das Escrituras procede de particular interpretação.
O Velho Testamento está cheio de regras sobre as profecias. Ninguém poderia contar uma profecia e sair impune se ela não acontecesse. Os profetas mentirosos deveriam ser mortos, segundo a Lei (Dt 18-20-22). Até mesmo quando um profeta dizia e acontecia segundo as suas palavras todos deveriam ter atenção para que ele não os desviasse (Dt 13:1-5).
O homem sozinho não pode produzir a obra de Deus, o homem natural está preocupado em fazer segundo os seus próprios interesses e segundo a sua avareza vai comercializar a fé, assim como também aconteceu no Velho Testamento e somo advertidos pois está acontecendo hoje bem perto de nós.
“No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade. Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda.” (2 Pedro 2:1-3)
Então, os profetas do Velho Testamento foram movidos pelo Espírito Santo e por isso produziram as profecias vindas de Deus.
Desta forma chegou o Velho Testamento até nós: Deus falou aos profetas e eles escreveram aos judeus. Os profetas eram homens santificados que foram movidos pelo Espírito Santo. Assim como você nunca viu uma caneta escrevendo sozinha, o homem não pode produzir a vontade de Deus se não for movido pelo Espírito de Deus.