O Valor da Palavra de Deus

O Velho Testamento (a lei) serviu para guiar até Cristo (Gl 3:23-25; Lc 24:44, 45; Jo 5:39) e que o Velho Testamento continua sendo Palavra inspirada por Deus, mas hoje, se quisermos nos justificar pela lei perdemos tudo o que Cristo fez por nós (Gl 2:21; 5:1-4) e que a única forma de cumpri-lo é pelo amor (Gl 5:14; Rm 13:8-10). Hoje não fazemos os sacrifícios da lei porque Jesus é o sacrifício que nos justifica (Hb 9:28). Este é um exemplo de que a lei já passou, precisamos aceitar a Cristo e seu Testamento.

O Velho Testamento não nos justifica, Cristo é a nossa justiça. O Velho Testamento foi sombra, mas (a realidade) o corpo é de Cristo (Cl 2:16, 17; Hb 10:1-10). Jesus é a salvação real que o Velho Testamento prometeu. O céu é a ‘terra prometida’.

Temos que conhecer o Velho Testamento para não mais repetir os erros que os antepassados judeus cometeram; hoje aquelas advertências foram escritas e servem para nós como exemplo e ensino (1 Co 10:1-11; Rm 15:4). O Velho Testamento é bom, mas precisamos saber utilizá-lo legitimamente (1 Tm 1:8).

A intenção deste ponto não é discorrer sobre tudo o que a Palavra de Deus é capaz em nossas vidas. Porém, alguns pontos básicos não devem ser colocados nunca de lado.

1. Criar Fé Verdadeira

“E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10:17).

Se há algo que nos cria fé é ouvir a pregação da palavra de Cristo. Se você tiver provas arqueológicas irrefutáveis de algum acontecimento bíblico, saiba que qualquer coisa não é tão poderosa quanto a Palavra de Deus para criar fé numa pessoa. Até mesmo uma pessoa que vê milagres tem que saber que eles não são suficientes para criar fé como a Palavra escrita. Veja o caso dos judeus, eles viram a nuvem os guiar para fora do Egito, viram o mar se abrir, viram comida vinda do céu em forma do maná, viram água saindo da pedra, e inúmeras maravilhas e obras maravilhosas das mãos de Deus. Porém, Deus não se agradou da maioria deles por causa dos seus maus costumes. Eles, mesmo tendo visto tantas maravilhas, foram idólatras, imorais, provaram a paciência de Deus e murmuraram contra Moisés, contra Deus e a libertação que receberam (1 Co 10:1-11). Tomé, um apóstolo de Jesus, o qual andou com Jesus por, pelo menos três anos, e viu as maravilhas feitas pelas mãos de Jesus: curou cegos, coxos, paralíticos, desenganados e até ressuscitou pessoas. Mas quando Jesus ressuscitou, Tomé duvidou da sua ressurreição (Jo 20:24-29). Quem crê verdadeiramente, crê mesmo sem ver nenhuma maravilha, crê porque a palavra o convenceu da verdade.

Se você quer criar fé, uma fé verdadeira, apóie-se sempre na palavra escrita e inspirada pelo Espírito Santo. Leia mais sobre Jesus, conheça-o tão bem quanto conhece a si próprio.

2. Salvar a Nossa Alma

“Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma” (Tg 1:21).

Deus quer que sejamos santos, isto é, puros. Ele quer nos dar a salvação, mas para colocar a salvação dentro de nós Ele primeiro exige que estejamos limpos. Por isso mesmo pela palavra aprendemos que Deus quer que despojemos de toda impureza e acúmulo de maldade. Você não compraria um produto sabendo que o recipiente não foi limpo antes de ser colocado lá, não é? Da mesma forma Deus não quer que ofereçamos os nossos corpos sujos pelo pecado, por isso Ele exige que em primeiro lugar possamos nos desfazer do pecado. Jesus disse para os seus discípulos: “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (Jo 153) A palavra nos limpa.

O próximo passo é acolher a palavra com mansidão, isto é, humildade para acatar a justiça da parte de Deus. Uma vez que ouvimos a palavra ela está implantada em nós e aí, então, ela é poderosa para salvar a nossa alma. A Bíblia deve ser a nossa única autoridade porque ela é poderosa para salvar a nossa alma. Uma opinião de um homem piedoso não pode nos salvar, mas a palavra escrita e vivida pode. Muitos costumam limitar a salvação somente pela fé, outros dizem que só Jesus salva, outros ainda dizem que somos salvos pela graça, ou ainda que o batismo é que salva, de fato, tudo isso também nos salva; mas como poderíamos conhecer todas estas coisas se não fosse a palavra que nos ensina sobre elas? Mesmo que Jesus aparecesse pessoalmente, Ele não pode nos salvar se não for pela obediência à palavra. Falo isso porque já aconteceu algumas vezes nas páginas do Novo Testamento, como ainda veremos nos próximos capítulos. Deixo para falar mais sobre isso depois porque estamos acumulando conhecimento e quando somarmos tudo teremos condições de compreender juntos as verdades reveladas e escritas para nosso ensinamento.

3. A Palavra Nos Habilita e Aperfeiçoa

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tm 3:16, 17).

Quando Paulo escreveu estas palavras, o Novo Testamento não estava completo como o conhecemos hoje. Tudo que eles tinham como autoridade religiosa e em qual baseavam o evangelho era o Velho Testamento. Quando Apolo apareceu pregando, ele tinha completo conhecimento sobre Jesus pelo conhecimento do Velho Testamento (At 18:24-28). Quando Paulo pregou aos de Beréia eles consultavam as Escrituras (Velho Testamento) para confirmarem as palavras de Paulo (At 17:11). Hoje, da mesma forma, precisamos ser nobres e examinar o que está escrito quando alguém nos ensina sobre a palavra de Deus. Esta é a nossa defesa contra a heresia de hoje e de sempre.

Hoje temos também o Novo Testamento como inspiração escrita dada por Deus. Assim como todo o Velho Testamento também o Novo Testamento é útil para ensinar, repreender, corrigir e educar na justiça. A Bíblia, num todo, nos aperfeiçoa e nos habilita para toda boa obra.

Eis algumas utilidades da palavra de Deus. Como proposto no início deste ponto a intenção não é tentar descrever toda a utilidade da palavra de Deus, porém temos como base que a palavra de Deus é quem cria uma fé verdadeira, também nos salva, nos habilita e nos aperfeiçoa para a obra de Deus.

Como o Novo Testamento Chegou Até Nós? – Parte 2

No artigo anterior começamos a falar sobre a origem do Novo Testamento. Se você não leu o primeiro artigo, vá lá e leia para o seu conhecimento da Palavra de Deus. Vamos continuar com perguntas sobre a passagem e deixe a passagem responder por si mesma. Não tente adivinhar ou dar uma resposta sua. A melhor resposta e verdadeira sempre estará na Bíblia.

1) Jesus tinha muito que lhes dizer, mas por que Ele não aproveitou este momento tão singular para lhes dizer tudo o que tinha pra dizer?

Jesus mesmo responde: “…mas vós não o podeis suportar agora…” Os apóstolos e discípulos ainda não estavam prontos para ouvir tudo o que Jesus tinha para lhes ensinar, por isso viria o Espírito Santo e lhes ensinaria tudo.

2) A quanta verdade o Espírito guiou os discípulos e apóstolos de Jesus?

Jesus estava preparando a vinda do Espírito da verdade e assim Ele lhes disse: “…quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade…” Eles foram guiados a toda a verdade e eles a escreveram no Novo Testamento.

3) Será que o Espírito esqueceu de lhes ensinar alguma verdade?

Não! Temos no Novo Testamento toda verdade revelada pela inspiração do Espírito Santo aos apóstolos e discípulos de Jesus. Não precisamos de outros livros, de sonhos, revelações, visões, ou profecias novas. Quem acredita que precisamos de inspiração nova está duvidando que o Espírito da verdade os guiou a toda verdade, e eles escreveram inspirados pelo Espírito.

Todas as pessoas sonham e os sonhos, por mais incríveis e espirituais que pareçam, não devem interferir ou acrescentar nada no que está revelado pelo Espírito Santo nas páginas do NT. Leia com atenção Colossenses 2:16-19.

Jesus continua ainda: “…porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido…” O Espírito de Deus não veio por conta própria e inventando doutrinas para nós. Ele veio em nome de Jesus enviado por Deus. O Espírito disse tudo o que ouviu da parte de Deus. Ele inspirou os apóstolos e discípulos de Jesus e eles escreveram tudo o que o Espírito ouviu de Deus e lhes disse. Será que o Espírito esqueceu de dizer alguma coisa que ouviu? Se tivesse esquecido não seria o Espírito de Deus! Se o Espírito disse tudo o que ouviu e os apóstolos e discípulos escreveram no NT, será que ainda resta alguma nova verdade ou inspiração, além do que foi inspirado e escrito no Novo Testamento? Se acreditarmos que ainda vamos ser inspirados hoje sobre alguma verdade nova que não esteja escrita no Novo Testamento, então estamos duvidando do trabalho infalível Espírito Santo de Deus. Estamos duvidando das palavras de Jesus e do próprio Deus que enviou o Espírito aos apóstolos e discípulos.

Jesus ainda disse que o Espírito viria aos apóstolos e discípulos para lhes anunciar “as coisas que hão de vir”. O Espírito Santo os inspirou para escreverem, inclusive, sobre o futuro. Se você quer saber sobre o futuro, procure ler o Novo Testamento, lá tem tudo o que necessitamos saber sobre o futuro. Mas o que Deus quer que saibamos sobre o futuro? Jesus, no seu ensinamento diz que não devemos nos preocupar com as três coisas mais importantes e imediatas para a sobrevivência: comida, água e roupa. Considere estes três itens. Quem pode viver sem comer, sem água ou sem roupa? E mesmo que estas três coisas sejam as mais importantes para a manutenção da vida do ser humano, Jesus ensina: “Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vetes?” (Mt 6:25). Jesus nos dá algumas ilustrações para nos convencer de vez: “as aves do céu e os lírios do campo. A criação de Deus não faz esforço para se alimentar e viver todos os dias, mas Deus as alimenta e as veste todos os dias. Ficar preocupados com estas coisas, mesmo que importantes e imediatas, mostra nossa pequenez de fé, porque são as pessoas sem Deus que se preocupam com tudo isso” (Mt 6:32). Ao contrário de ficar preocupados com o futuro, Jesus ensina que quem confia em Deus deve ter uma única preocupação: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33). Ficar preocupado ou procurando o futuro, mesmo que por suposta inspiração divina, mostra que não acreditamos na bondade do Senhor que cuida de nós mais do que dos passarinhos ou as flores do campo. Jesus ainda concluí dizendo o seguinte para quem se preocupa com o dia de amanhã: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt 6:34). Deixe as argumentações de lado e aceite que Deus não quer que nos preocupemos com o dia de amanhã. A Palavra de Deus escrita, invalida as profecias e inspirações modernas modernas.

Pense um pouco sobre isso: o Velho Testamento foi concluído com os escritos de Malaquias. Depois de Malaquias, houve um período de silêncio por quatrocentos anos até a vinda de João Batista que anunciava a chegada do Messias e a proximidade do reino de Deus. Se um judeu quisesse saber qual a vontade de Deus neste período de silêncio de quatrocentos anos, onde ele iria buscar orientação? Com certeza a sua primeira referência era a Lei de Moisés, isto é, os cinco primeiros livros escritos da Bíblia por Moisés, os profetas e os Salmos ( Jesus faz esta divisão resumida do Velho Testamento (Lc 24:44,45). Os judeus acreditavam ter nas Escrituras (Velho Testamento) a salvação e todo o Velho Testamento aponta para Jesus (Jo 5:39). Onde estava o Espírito Santo que não inspirou ninguém nestes quatrocentos anos, onde estava Deus? Com certeza este período foi preparatório para a vinda do Messias, mas também demonstra que Deus pode agir assim se quiser e como o fez. Hoje o Novo Testamento nos ensina que estamos vivendo nos últimos dias (Hb 1:2), e, sendo que estamos vivendo nos últimos dias, nada mais sucederá depois do Novo Testamento completamente inspirado pelo Espírito Santo e já escrito como o temos.

Os últimos dias indicam a fase final da história, iniciada com a vinda do Filho ao mundo e continuando até a consumação de todas as coisas (Lightfoot Neil R., Hebreus, Comentário Bíblico “Vida Cristã” – Editora Vida Cristã pág.58.

Hoje se quisermos compreender, inclusive mistérios, devemos seguir o que Paulo ensina aos Efésios: “pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do mistério de Cristo” (Ef 3:4). Leitura é a chave para a compreensão de toda a Palavra de Deus. Jesus lia as Escrituras e isto era um costume na sua vida, façamos o mesmo se quisermos ser cada vez mais parecidos com Jesus, nosso Mestre.

Não seja precipitado e pense que sou cético, não mesmo! Acredito sim que Deus nos guia pelo Seu Espírito Santo através da espada do Espírito, o NT.

Como o Novo Testamento Chegou Até Nós? – Parte 1

“…nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hb 1:2).

Por intermédio de Jesus, seu Filho, Deus fez todo o universo. E nestes últimos dias Jesus foi enviado à Terra para nos falar a Palavra de Deus. Jesus mesmo confirma com sua oração: “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra” (Jo 17:6). Jesus pessoalmente transmitiu as palavras do Novo Testamento durante o seu ministério. Eles, os apóstolos e discípulos, escreveram tudo o que Jesus ensinou como os profetas no Velho Testamento escreveram as Palavras de Deus. Jesus falou pelo Espírito Santo, Ele não falou nada de si mesmo.

Jesus recebeu o Espírito Santo no batismo de João, foi guiado ao deserto pelo Espírito e retornou das tentação cheio do Espírito Santo (Lc 3:21-22; 4:1-22).

Depois do seu ministério terreno, Jesus foi recebido nos céus e os apóstolos e discípulos foram inspirados pelo Espírito Santo para escreverem tudo o que é necessário para uma pessoa ser salva. Jesus lhes prometeu o Espírito Santo para os consolar e inspirar. Vejamos duas passagens bem esclarecedoras sobre isso:

“Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo 14:25-26).

A primeira coisa que precisamos identificar neste texto para melhor compreendê-lo é: Com quem Jesus estava falando? Uma vez compreendido isto, veremos também a obra completa do Espírito Santo. Jesus estava falando com você? Estava falando comigo ou com alguém de hoje em dia? Não! Jesus estava falando com os seus apóstolos e discípulos. Observe o contexto da passagem.

Contexto é o que vem antes e depois da passagem que lemos. Por exemplo: quando você recebe uma carta como você procede antes de ler? A primeira coisa que você faz é ler o envelope para saber de onde vem e para quem é dirigida. Se a carta é para você, você pode abrir e ler. Quando você começa ler qual parte da carta que você lê? Do começo ao fim, não é? Você não lê só o começo ou somente o meio ou o fim da carta. Você lê do começo ao fim. Ai você vai saber o contexto da carta. Para melhor definir o contexto e compreender a carta você precisa ter algumas informações sobre quem enviou, por que enviou e para quem enviou. Assim também ao ler um livro da Bíblia, precisamos definir o contexto. Quem escreveu, quando escreveu (data), para quem escreveu, por que escreveu e o que escreveu.

Enquanto Jesus estava com os seus apóstolos Ele lhes ensinava, porém, quando fosse embora, o Consolador, o Espírito Santo, que seria enviado em Seu nome, lhes ensinaria todas as coisas, até coisas que Jesus não tinha ensinado ainda.

Vamos parar um pouco e pensar sobre isso através de perguntas e respostas tiradas da passagem que lemos acima:

1) Quantas coisas o Espírito Santo lhes ensinaria?

As palavras de Jesus são bem claras. O Espírito Santo lhes ensinaria todas as coisas. E quando foram ensinados sobre todas as coisas e eles as escreveram.

2) Será que resta ainda alguma coisa que o Espírito Santo não lhes ensinou?

Pensar assim é duvidar do Espírito Santo de Deus! Acredito que se a Palavra de Deus é sua autoridade religiosa, e se você acredita que ela foi inspirada pelo Espírito Santo de Deus, você não deve acreditar que o Espírito Santo tenha deixado algo de lado ou esquecido. Sendo que o Espírito não esqueceu nada, não há mais nenhuma inspiração para nos ensinar alguma coisa que não tenha sido ensinada pelo Espírito aos apóstolos e discípulos de Jesus, e eles escreveram no Novo Testamento. Hoje, nós temos no NT tudo o que o Espírito Santo ensinou.

Veja agora o versículo 26 de João 14 para vermos mais informações a este respeito.

3) O Espírito, segundo a promessa de Jesus, os faria lembrar de quantas coisas que ele lhes disse.

O Espírito os fez lembrar de tudo o que Jesus ensinou! O interessante é que o Novo Testamento começou a ser escrito cerca de 30 a 60 anos depois da morte de Jesus. Como eles poderiam lembrar de coisas que aconteceram há tanto tempo atrás? Façamos um teste simples. Que dia é hoje da semana. Me diga, o que você comeu ou vestiu há uma semana? Tem que pensar um pouco, não é? Porém os apóstolos e discípulos foram inspirados pelo Espírito para lembrar e escrever sobre tudo o que Jesus lhes ensinou.

4) Será que o Espírito esqueceu de lhes lembrar alguma coisa?

Não, não tem sentido pensar isso. Então, temos no Novo Testamento escrito e inspirado pelo Espírito, todo ensinamento e tudo o que Jesus ensinou para a nossa salvação. Veja ainda que o apóstolo João registrou outra passagem muito semelhante a esta de Jesus pessoalmente:

“Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir” (Jo 16:12,13).

Jesus ainda está falando com seus apóstolos e discípulos. Lembre-se do contexto da passagem que lemos agora.

Vamos continuar este artigo num outro. Se você quer saber mais sobre a origem do Novo Testamento, não deixe de ler. Clique Aqui.

Como o Velho Testamento Chegou Até Nós

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas.” (Hb 1:1)

Neste capítulo quero me ater ao que a Bíblia diz sobre si mesma. Poderíamos perder muito tempo discorrendo sobre a história da Bíblia e como ela chegou até nós, mas acredito que o que tem mais valor é o que ela diz a respeito de si própria do que o que alguém tem a dizer a respeito dela. Pois, os homens e suas teorias e argumentos passam, a Palavra de Deus subsiste para sempre. Espero que tomemos como ponto de partida que quem lê este texto acredite que a Bíblia já foi provada o suficiente para que possamos crer nela como palavra de Deus, tanto o Velho quanto o Novo Testamento. O senso comum costuma dizer que a Bíblia é fruto da criação humana ou que foi adulterada, porém notamos que os mesmos que dizem isso não podem provar que ela é autoria de alguém com alguma pretensão em deixar seu nome ou sua intenção gravada para as gerações. Os que dizem que a Bíblia foi deturpada não tem base para falar sobre isso de uma maneira sólida e não sabem por si mesmos que pontos foram supostamente deturpados. Outros ainda, notam pontos que, ao não entenderem, acreditam que é uma contradição dentro da Bíblia. Tudo fica muito na área do subjetivo e teórico, enquanto só quem coloca a palavra de Deus em ação em sua vida vê a diferença. Então, não querendo perder mais tempo com teorias e argumentos, a Bíblia fala por si mesma sobre como chegou até nós e sobre sua autenticidade.

O Velho Testamento chegou até nós com a iniciativa de Deus. Deus começou falando e relatou como todas as coisas aconteceram: a criação, os patriarcas, a Lei, os profetas, os Salmos e o Seu escolhido: o Messias. Deus não falou tudo de uma só vez, Ele falou muitas vezes e de muitas maneiras. As palavras de Deus foram inicialmente dirigidas aos antepassados, isto é, aos judeus. Para falar aos antepassados judeus, Deus falou pelos profetas. Notemos bem este ponto, baseados em Hebreus 1:1 que Deus falou as palavras do Velho Testamento aos judeus, um povo que ele escolheu por causa da fidelidade de Abrão.

Os profetas foram homens comuns. Muitos deles foram pastores de ovelhas, de gado, reis, subordinados de reis, conselheiros de reis e sacerdotes, homens ricos e homens pobres. A maioria deles não se conheceu, mas produziram uma obra divina inerrante. Mas os escritores eram homens, não eram? Sim, eles eram homens e eram homens comuns, isto é, sujeitos a todos os sentimentos e erros humanos. Sendo homens comuns, não é possível que tenham errado, inventado uma estória e dito que era da parte de Deus? Será que não exageraram em alguns relatos? Bem, com um olhar frio sobre as Escrituras, de fato, podemos admitir que esta é uma possibilidade. Porém com um olhar mais criterioso há evidências dentro e fora das páginas do Velho Testamento que confirmam os seus relatos, até mesmo os que pareçam mais absurdos. Em todo caso, Deus espera que acreditemos na Palavra não por causa de provas, mas pela fé.

“Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos.” (2 Coríntios 5:7)

Os profetas não agiram sozinhos. Veja o que o apóstolo Pedro diz sobre as Escrituras e os profetas:

“sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:20,21).

Analise estes versículos enquanto vai respondendo a estas perguntas:
1) Qual a primeira coisa que precisamos saber sobre as Escrituras?
2) Quem eram os profetas?
3) Como eles produziram a Palavra de Deus?

E as respostas nos conduzem para entender e confiar nas Escrituras do Velho Testamento. Os profetas eram homens comuns, mas Deus os tomou em suas mãos, e todo aquele que Deus toma em suas mãos Ele os santifica antes de os usar. Vemos também nestes dois versículos que nenhuma profecia das Escrituras procede de particular interpretação.

O Velho Testamento está cheio de regras sobre as profecias. Ninguém poderia contar uma profecia e sair impune se ela não acontecesse. Os profetas mentirosos deveriam ser mortos, segundo a Lei (Dt 18-20-22). Até mesmo quando um profeta dizia e acontecia segundo as suas palavras todos deveriam ter atenção para que ele não os desviasse (Dt 13:1-5).

O homem sozinho não pode produzir a obra de Deus, o homem natural está preocupado em fazer segundo os seus próprios interesses e segundo a sua avareza vai comercializar a fé, assim como também aconteceu no Velho Testamento e somo advertidos pois está acontecendo hoje bem perto de nós.

“No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade. Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda.” (2 Pedro 2:1-3)

Então, os profetas do Velho Testamento foram movidos pelo Espírito Santo e por isso produziram as profecias vindas de Deus.

Desta forma chegou o Velho Testamento até nós: Deus falou aos profetas e eles escreveram aos judeus. Os profetas eram homens santificados que foram movidos pelo Espírito Santo. Assim como você nunca viu uma caneta escrevendo sozinha, o homem não pode produzir a vontade de Deus se não for movido pelo Espírito de Deus.

Autoridade

Autoridade é aquilo que todos devem aceitar e respeitar, este é o ideal. Por exemplo na medida. Quantos centímetros têm um metro? Todos aceitam que um metro tem cem centímetros. Olhe para esta folha, quantos centímetros você acha que tem de alto a baixo? Cada pessoa pode dar a opinião que quiser sobre a medida de uma folha sulfite, até podem começar a discutir achando que cada um está com a razão, porém o que vai colocar um ponto final decisivo numa discussão sobre medidas é uma régua. Daí, então, ninguém mais discute, pois, vai discutir com a régua? Afinal, encontramos uma autoridade para este assunto de medidas. A régua é uma autoridade porque define um padrão a ser seguido que todos aceitam, praticamente sem questionar. Questionar a régua como autoridade em questão de medida, um padrão aceito por todos, seria considerado tolice.

O conceito de padrão temos também quanto ao dinheiro. Quantos centavos são necessários para fazer um real? Todo o país aceita que 100 centavos fazem um real. Não há nenhum Estado da União que pense que 90 centavos podem ser equivalentes a 1 real. Esta é a regra da economia, e ninguém discute este valor. O motivo é simples, o valor que o dinheiro tem e a dificuldade que temos para ganhar.

Vamos pensar um pouco mais sobre autoridade. Quem é a autoridade em casa? O pai e, na falta deste a mãe, não é? Quem é a autoridade na sala de aula? É lógico que é o professor! E quem é a autoridade na rua? Os policiais! E no país, quem é a nossa maior autoridade? O presidente, certo? E na igreja, quem é a autoridade? O pastor? Bem, todas estas respostas estão parcialmente certas. Na verdade nenhuma destas pessoas é a autoridade em si mesma. Veja bem, se o pai é a autoridade em casa, então ele pode fazer o que bem quiser com seus filhos e esposa, certo? Errado! Ele não pode agir como quiser com seus filhos. Não pode espancar e maltratar a esposa. E o professor, se ele é a autoridade então ele pode ensinar o que bem entender, não é? Não, o professor não está acima do conhecimento o do próprio livro que todos os alunos usam. Da mesma forma os policiais não podem agir como bem quiserem porque eles também não são a autoridade. E o presidente não pode fazer tantas leis quantas quiser. Todos estes citados acima estão debaixo de autoridade. Eles podem estar investidos de autoridade, mas não são ‘a autoridade’. O presidente precisa cumprir a constituição para ter o direito de estar presidindo, o policial na rua também tem que obedecer ao código civil e, até mesmo os pais têm leis superiores a eles mesmos. Sendo assim, da mesma forma que todos estes anteriores, o pastor não é a autoridade na igreja, ele deve estar debaixo da obediência da palavra de Deus, e esta é a autoridade na igreja. Por isso os pastores têm que ter qualificações bíblicas para exercerem o episcopado (1 Tm 3:1-7). A Bíblia sempre coloca esta função no plural, indicando que um homem sozinho não deve tomar o papel de chefe da igreja. São pelo menos dois para dividirem a função e as responsabilidades.

A palavra pastor é usada somente para descrever Jesus e nunca um homem. Note bem que nenhum homem, mesmo os apóstolos, foram chamados de ‘pastor’. A expressão correta deveria ser apascentador (Ef 4:11 RC).

Analisando com cuidado o Novo Testamento, notamos que a igreja teve uma eleição de presbíteros. Em todas as ocasiões a função é colocada no plural (At 11:23; 15:2; 20:17). A igreja não deve seguir a tradição humana de ter um homem entitulado ‘pastor’ e nem hierarquias. A Bíblia não contempla um vice ou ajudante de ‘pastor’. Todo discípulo é ajudante do Pastor que é Jesus.

Todos precisamos aceitar a Bíblia como única autoridade de fé, se não aceitamos, estamos correndo risco de aceitar qualquer outra pregação. O objetivo deste capítulo é colocar a Bíblia como a única autoridade religiosa.

Você aceitaria uma pessoa usando a sua mão como padrão de medida? Claro que não! Pois cada pessoa tem uma medida diferente na palma da mão. Da mesma forma, não deve aceitar opiniões pessoais, usos e costumes ou regimentos internos como regra de fé.

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3:16, 17)

Para você, a Bíblia tem toda autoridade?